sábado, agosto 09, 2008

Coisas da vida

A mulher do fraque ou o "fraco" do homem



O cliente adivinhava-se difícil.
Não tão difícil assim, seria uma questão de pertinência e paciência.
Não há cliente difíceis, por vezes o que o mais difícil é o cliente não ter paz e sossego quando nós colamos nele.
Todos os planos têm “plano” e este não fugia à regra.
1º Fase do plano - Telefonemas para o cliente.
No inicio como não conhecia o nº to telemóvel, atendeu sorrateiramente ao que respondeu que pagar não constituía problema.
Mas na realidade, pagar constituía problema, afinal o pagamento foi-se arrastando por meses, tal como os telefonemas que foram deixando de ser atendidos.
Nem o telefone da empresa, nem o telefone do funcionário, nem o telefone do patrão.
Só poderiam estar de férias ou a empresa estaria fechada.
Nada melhor que deixar de incomodar através do telefone e passar a agir no terreno.
Duas ou três visitas às redondezas da empresa para perceber que a empresa trabalha normalmente, a única excepção é que não atendem os telefones.
Surgiu a necessidade de perceber por onde e como se movimenta o patronato, até porque seria preciso falar com o Sr. e nada melhor do que saber qualquer coisa a mais sobre ele entre outras coisas.
2º Fase do plano – Visita surpresa às instalações da empresa.
Mas que chatice o patrão (o cliente) não estava.
Foi aqui que a mulher do fraque tomou a posição de fraca mulher.
Então não é que a funcionária a quando da minha apresentação quase caía de redondo no chão. Triste senhora que sem ter culpa de nada se viu embrulhada onde não devia.
Mas a mulher do fraque não podia deixar que os seus sentimentos perturbassem o seu trabalho.
MF- Caríssima Sr.ª eu preciso falar com o Sr. S.
F- Mas o Sr. S não está.
MF- Então e o sr. irá demorar?
F- Não faço ideia, muitos dias ele nem vem aqui, somos nós os funcionários que orientamos o negócio.
MF- Lamento minha senhora mas eu não vou sair daqui sem falar com o Sr. S. por favor telefone-lhe e diga-lhe que estou aqui para tratar de um assunto do interesse dele e não meu.
F- Mas se a Sr.ª tem o telefone dele, porque não lhe liga?
MF- Porque a mim ele não me atende, por isso se faz favor ligue-lhe para que eu possa falar-lhe.
A funcionária não teve outra alternativa se não ligar. Ao primeiro telefonema o sr. S não atendeu.
F- O sr. não atende! É muito difícil contactá-lo!
MF- Não faz mal, eu tirei o dia para falar com o sr. S., portanto tenho todo o tempo. Eu espero.
A funcionária não demorou a fazer novo telefonema, que por sinal também não foi atendido. Ficando a olhar para mim como que dizendo “vai ter que esperar o dia todo”.
Mas ainda não tinham passado um segundos e já o telemóvel dava sinal de mensagem ou porque não dizer “códico”.
A funcionária ligou…está aqui uma senhora que quer falar consigo…não percebo nada disto, diz ser de uma empresa de cobranças dificeis…não sei…é melhor falar com a senhora.
MF – Bom dia sr. S. precisava combinar consigo uma data para receber um divida antiga, blá, blá…
Sr. S – Mas eu não posso pagar agora.
MF- Sim senhor, então quando seria oportuno para si?
Sr. S – Daqui a uns dias!
MF – Quantos?
Sr. S – Dentro de duas semanas.
MF- Isso é muito tempo, o sr. até sabe que esta divida se arrasta desde o inicio do ano, portanto o máximo que lhe dou são 8 dias!
Sr. S. – Não sei se consigo!
MF- Consegue sim! Passo de hoje a uma semana aqui no seu escritório a esta hora!
Sr. S – Não! Dei-me o seu contacto que eu vou ligar-lhe a combinar o dia e hora.
MF – Não aqui quem marca dia e hora sou eu. E fica combinado para o dia e hora que já lhe disse. Haaa e faça-me um favor, deixe aqui o pagamento porque eu não gosto de perder tempo e por norma não ando atrás de homens…ando atrás de outras coisas, bem mais valiosas!
Sr. S. – A sr.ª está a desconversar?
MF- Não! Está enganado, estou a trabalhar! A fazer o meu trabalho! Entendido?
Conclusão:
No dia e hora combinada lá estava alguém para cobrar ao sr., mas nem o pagamento nem o Sr. Mas depois de nova conversa com a funcionária, nada que não se resolvesse.
O Sr. S. ligava para a minha colega dizendo que queria pagar, mas que não estava no escritório. Lógico que a outra mulher do fraque não deu tréguas e foi ao encontro do cliente difícil.
A conversa correu bem e em pouco tempo já estava na mão da mulher do fraque o cheque à muito procurado.
Sr. S.- A sr.ª é muito simpática, mas a sua colega não foi nada simpática. Eu ainda gostava de conhecê-la.
MF 2 – Tenho muita pena Sr. S. não vai ter essa oportunidade porque essa minha colega vai ser demitida.
Considerações finais:
Afinal os homens de valentes que são…são todos uns fracos. Quando apanham uma mulher que faz braço de ferro, não sabem se as devem enfrentar ou fugir delas?
Se as odeiam ou se desejam conhecê-las?
Afinal nem a mulher era a mulher do fraque, nem o cliente era tão difícil como parecia.