terça-feira, janeiro 15, 2008

O meu amuleto, a minha conpanheira, a minha musa inspiradora

Vou confidenciar-vos uma coisa.
Aliás 2 coisas.
Primeira é que estou lavada em lagrimas, pois cada vez que penso ou falo na Anixinha a dor é cada vez maior, acho que agora é que vou tendo a noção da realidade e o quanto um luto é dificil e de fazer e de digerir.
Segunda, hoje fui fazer a minha primeira frequência da época e não consegui ir sem meter a camisola da Anixinha na mala...é nestes momentos que eu sinto a falta dela...sei que ela me teria dito" vai confiante, tu vais conseguir isso não é nada para ti" mas faltou ouvi-la! Hoje revi-me nos ultimos momentos que estive junto dela, embora ela já n me ouvisse, já não me visse e tb não entedesse a razão porque estava ali. Quando entrei pra sala a minha cabeça ia vazia e estava angustiada por não a ter ouvido, mas a camisola embora me tenha transmitido alguma energia e confiança não abafa a dor! Aquela guerreira ainda nos faz muita falta!
Tudo fiz para ouvi-la dizer " não te disse que isso eram favas contadas, estavas cheia de medo para quê? nem em ti confias?. Oxalá a razão esteja do lado dela, pois ela era sempre a primeira pessoa com quem partilhava estas vitorias e sabem porquê?
Porque ela queria muito fazer comigo este curso, mas a doença traiu-a e ela deitou por terra um sonho por realizar. Esta foi a primeira derrota na luta dela.
Em homenagem sua homenagem, o meu primeiro trabalho de biologia " sobre o cancro da mama" foi dedicado a ela e na apresentação fiz referencia a ela e à causa, bem como convidei os meus colegas para visitarem o superglamorosas e o é só mais um bocadinho. Não deve ter sido pelo trabalho, mas sim pela causa, foi o melhor trabalho e o mais valorizado "18". Foi uma felicidade pra ela. Hoje alguns dos meus colegas continuam a visitar os blogs, embora não comentem porque se sentem pouco à vontade. Muitos deles acompanharam indirectamente os ultimos momentos de vida dela e no primeiro dia que voltei ás aulas notou-se um ambiente de respeito e desanimo e ainda na sexta-feira passada uma prof veio ter comigo manifestando o seu pesar pela perda e valorizando todas as mulheres que sofrem com este terivel problema, que ao fim ao cabo é de todas nós.
Eu continuo sem saber o que responder quando sou confrontada, não sei o que isto significa...mas sei que até hoje foi das coisas mais terriveis que passou por mim. Só me lembro de passar por uma angustia assim quando faleceu a minha avó. Não consigo arranjar respostas... só tenho perguntas e uma delas é como é que nós conseguimos tolerar e suportar todas estas provas?
Desculpem o desabafo, mas á coisas que têem que sair.
Estou um bocado perdida no tempo, porque a falta de tempo e tambem a desmotivação não me fazem vir aqui com tanta frequência, mas espero que esteja a correr tudo bem com todas. Já vi que houve princesas que fizeram aninhos, mts parabens, que outras andam em tratamentos, que tudo corra pelo melhor e logo, logo vai passar essa fase, para as que estão bem, que assim se mantenham e para as que estão "ranhosas" como eu
que façam o favor de se por bem rapidamente.

4 comentários:

Cristina J. disse...

Dyna,
Gostaria de podr dizer-te alguma coisa, tipo :"deixa estar, tem paciência que com o tempo vais sentir-te melhor"...

Mas não posso!!!!!
Sei o que estás a sentir, sei-o, infelizmente... e também sei que ninguém vai poder responder ás tuas perguntas nem justificar o que para ti é injustificável.
São coisas que te acompanharão sempre, e só se transformarão em recordações e sentimentos saudáveis, quando tu os viveres e os sofreres, sem meias medidadas...

Mas pensa que a tua amiga/irmã, se encontra num local melhor que este, sem sofrimento, em paz, e que gostaria muito que tu estivesses bem, para ela poder continuar a sorrir...mesmo que sejam só pensamentos, podem ajudar-te, a mim, ajudam muito!

Recorda muitas vezes tudo o que ela pôde concretizar, o que a fez feliz, o quanto te fez feliz...

Só queria dizer que cá em casa, a garrafa de "frize" continua intocável, e de cada vez que se abre o armário, seja quem for, fala na Anixinha e no dia 17/11...
Não é uma banalidade, é um sentimento forte que nos liga a ela, e que nos faz lembrar a sua amizade e sentido de humor.

Um beijinho grande para ti e tudo de bom

Nela disse...

Saudades /Lembranças

Podem parecer sinónimos.

Ideias iguais, mas são diferentes no sentir.



Lembrança é da memória, saudade é da alma.

Muitas lembranças, poucas saudades.



Lembranças surgem com um cheiro, uma música, uma palavra.

Saudade surge sozinha, emerge do fundo do peito onde é guardada com carinho.



Lembrança pode ser boa, mas quando não é, pode-se afastá-la convocando outra lembrança ou convocando outro pensamento para o lugar.

Saudade é sempre boa, mesmo quando dói, e não se apaga.

Lembrança é algo real, de um lugar, uma época, uma pessoa.

Saudade pode ser do que não houve, de uma possibilidade.



Lembrança pode ser contada, medida, localizada, e com algum esforço, pode até ser calculada com uma fórmula matemática, ao gosto dos engenheiros.

Saudade é dos poetas, é pautada em rimas e melodias; vontade de ver outra pessoa, segundo os poetas, teria outro nome, seria uma saudade com tempero, eu acho.



Lembrança pode ser sem som, pode não doer.

Saudade jamais é sem som. Se ela não vier com fundo, nós colocamos, só para ficar mais bonita, mais gostosa de sentir, para preencher mais a alma vazia.



Lembrança vence a morte, mas conforma-se com a ausência, respeita convenções.

Saudade ignora a morte, vence distâncias, barreiras e preconceitos.



Lembrança aceita nosso comando, vai e volta quando queremos.

Saudade é irreverente, independente e auto-suficiente.

********

E eu digo...saudade doi...


(retirado do blog da Isa de Beja - Uma luz na escuridão)

Cristina J. disse...

Lembrança - O que recordamos com carinho, com ou sem dor, mas que ficou onde foi vivida, quer no espaço quer no tempo.É um quadro que pintámos e que olhamos de longe...

Saudade - Lembrança que recordamos, com vontade feroz de voltar a viver, de voltar a estar lá, onde e com quem foi vivida e sentida. Sempre que chega a saudade, a alma voa e o nosso corpo recupera as emoções que deixamos dormir.
É um quadro inacabado, porque nós continuamos a dar-lhe côr e a pintá-lo, com muito amor e carinho. Vai para além de tudo...

Anónimo disse...

Quem perde seus bens perde muito; quem perde um amigo perde mais; mas quem perde a coragem perde tud

Por tudo isto amigas muita coragem beijinhos...